segunda-feira, 17 de maio de 2010

E agora? Agora eu corro em círculos até cansar; agora eu acendo meus cigarros pelo filtro; agora eu bebo sem estar com sede; agora eu sonho sem estar com sono; agora eu sorrio sem querer sorrir; agora eu escrevo sem querer escrever; agora eu sou sem querer ser; agora eu me deito sem querer deitar; agora eu vejo tudo como não gostaria de ver; agora não faz sentido, agora não existe mais; agora não é nada porque não pode ser medido; agora não é ciência; agora já passou; agora sou eu que já passei; agora é agora e já foi; agora é nunca mais e não volta mais; agora é a hora de se deixar levar pela vida de braços dados com alguma coisa sem sentido; agora é andar a esmo pelo centro da cidade sem nem saber para onde se vai; agora é esperar pelo não-se-sabe-o-que; agora é gritar o nome de não sei quem; agora é deitar no colo do vento procurando alento; agora é ser por obrigação e sem sonhos, sem vontade; agora é ver um filme sabendo o final; agora é ficar calado por medo; agora é ter medo; agora é o passado, quando alguma coisa foi de verdade, porque o que é agora não é nada.

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