quarta-feira, 26 de maio de 2010

De repente eu entendo porque um número tão grande pessoas se apaixonam pela lua e escrevem tantos poemas sobre ela. Pela minha janela posso vê-la enorme e brilhante no céu e olho diretamente para seus olhos - que imagino estarem lá me enxergando tão bem quanto eu a vejo. Arrasto para o lado o vidro que me separa da noite lá fora e sinto o frio entrando sorrateiro em meu quarto, sento em minha cama e puxo a coberta para esquentar meus pés enquanto olho para cima e vejo tudo o que muitos outros perceberam estar ali desde sempre. Parece agora tão óbvio preferir a noite ao invés do dia, eu consigo entender todos esses andantes noturnos - a lua é como uma verdade intragável que você aprende a conviver, e quando a compreende plenamente é como se todas as coisas ditas até então pudessem ser esquecidas e perdidas num lapso de memória moldável segundo suas próprias vontades. A lua é uma verdade que você pode encarar nos olhos, ao contrário do sol que lhe deixa cego com sua claridade excessiva - uma mentira ofuscante que se engole agridoce goela abaixo. O sol é superficial, você não pode olhar para ele até conseguir entendê-lo - simplesmente aceita o pouco que aguenta e convive com uma meia resposta. Aqui está tudo que se pode dizer, na luz que vem da escuridão. E lembre que se a lua brilha na sua frente é porque o dia começa do outro lado do mundo e a vida continua para outras pessoas totalmente diferentes de você. Parece que essa pequena bolinha brilhante do céu vai cair em meu colo a qualquer momento e vou dormir enquanto embalo todas as noites enluaradas desse extenso universo de todos que estão aí para viver suas vidas onde são mais felizes. Parece que posso sentir o pedido de todos aqueles que são tristes me pedindo para aproveitar esse momento e como eu gostaria de ligar para ela e marcar um encontro bem no meio da rua, agora, nesse instante, só para olhar para cima e segurar sua mão - mas, tenho medo de acordá-la por nada. Boa noite a todos que vêem o que vejo, e também a quem perde esse momento. Durma bem, pequenas criaturas do dia (vocês não sabem o que estão perdendo)

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