É uma saudade que eu tenho: carrego debaixo do braço pra cima e pra baixo, e quando tenho tempo começo a folheá-la pra lembrar. É como um livro com ilustrações, a história dessa falta que você me faz e ponto final. Um monte de palavras que não dizem nada, que às vezes leio pra mim, antes de dormir. Uma comédia sem risos uma tragédia sem pranto. Pode ser tudo ou nada, qualquer coisa-e-foda-se. Início meio e fim e foi. Não precisa fazer sentido ou ser moralista, nosso amor sem fim que acabou em determinado parágrafo. Às vezes parece poesia noutras-é-pura-insanidade-sem-pontuação. Já não sei se escrevo pra esquecer ou pra lembrar, mas continuo escrevendo sobre essa saudade. Que não existe além de minha subjetiva capacidade criativa de imaginar que você não possa existir sem mim. Fora do alcance de meus dedos, nada existe nem me importa. Contudo, dentro dessa ilusão construo nosso universo perfeito onde você ainda é a garota de meus sonhos. Metaforicamente retóricamente sem meias palavras ou palavra e meia simbolicamente sintaxe ponto e vírgula o caralho a quatro na ponta da língua: sinto-sua-falta-ponto-final.
quarta-feira, 26 de outubro de 2011
quinta-feira, 13 de outubro de 2011
segunda-feira, 3 de outubro de 2011
É que não basta essa saudade pra mudar as coisas. Às vezes, nem o mais intenso dos sentimentos virulentos e violentos consegue desfazer o que está feito, e mesmo que você ame compulsivamente aquele pequeno momento dormente no passado que jaz em seus pés frios da noite fria da sua cidade qualquer que seja, nada muda, nada muda. Porque tudo mudou, acabou se desfez se apagou em brandas e intragáveis tragadas de cigarro durante a madrugada solitária. E se foi e se foi embora pra sempre ou por tempo indeterminado, porque nada existe sem que exista a crença em sua existência e se você perde a esperança na coisa toda a coisa toda morre e desaparece sem o seu consentimento alardeado pelo medo do esquecimento. E vai embora sem dizer mais nada, sem dizer coisa alguma, porque essa é a maneira mais fácil de partir: sem dizer coisa alguma. Porque, afinal, se você diz alguma coisa existe a possibilidade de ouvir uma resposta que talvez destrua todas as suas certezas então você não sabe mais nada, você não tem mais certeza de nada.