sábado, 19 de junho de 2010

Poema passageiro

(Saudade)

Quando lhe vejo é tão breve
que não mata coisa alguma
que dirá a saudade que levo
em meu peito que não esquece

Muito menos essa saudade
que eu carrego em meu peito
que bate morrendo de medo
que nos esqueçamos a ambos

Finjo qu' está tudo bem comigo
mas, sei que somos duas metades
coisa completa quando unidos

no amor
no beijo
no toque
no olhar
no sexo

Distantes somos dois pedaços sem sentido p'ra quem olha: juntos, a inveja dos deuses.

terça-feira, 15 de junho de 2010

A Alma

Nunca deixem que eu morra neste seu triste mundo
Doce é a lembrança bem guardada nesta cova
Mas, não me podem a vida post mortem a um túmulo
Nem cortem as minhas asas tão sonhadas agora

Sim, joguem minhas cinzas aos quatro ventos sem rumo
E larguem minha alma sem destino nem lápide
Eu não entro neste pequeno mausoléu sem fundo
Sou mais do que este infinito pedaço de saudade

Não sou cheiro de morte em cemitério encaixotado
Eu sou todo pó e cinzas - cinzas do seu cigarro
Eu sou esse toldo azul estrelado cheio de sonhos quebrados

Não me deixa trancada nas fronteiras da saudade
Se essa metafísica é real não me segure em imagens
Que eu viva às voltas pelo mundo - meu corpo insepulto.

(Pena que a alma seja uma mentira, mas tem seu charme)

domingo, 6 de junho de 2010

Olhei fundo em seus olhos, procurei de cima a baixo alguma coisa lá dentro - baguncei todo o lugar tentando achar algo meu escondido em qualquer canto, poderia ser mesmo um pedaçinho ínfimo esquecido sem querer atrás de uma pupila, brincando com sua menina dos olhos, aliás, acho que ficaria feliz absurdo apenas por me enxergar refletido em sua retina. Contudo, não sei o que vi. Acho que não encontrei coisa alguma, afinal. Mas, demoro em aceitar essa verdade, porque é como não ter esperança. Veja que, apesar de pessimista, ainda tenho algumas recaídas esperançosas. Procurei em todo seu corpo algum sinal de meus dedos - marcas de nosso amor todo louco e empolgado em cima da cama e debaixo dela, pelo quarto todo. Quando lhe estendi a mão para ajudá-la a se levantar, tentei encontrar naquela toque simples algo mais que me gritasse para nunca mais soltar, procurei com tanto desejo seu amor por mim que quase encontrei! Veja que sinto seu cheiro daqui e fico louco por você; posso imaginar a textura de sua pele e seus cabelos caídos sobre meu corpo. Devo dizer, agora, que procurei com todas minhas forças alguma coisa naquele toque, mas, não pude encontrar nada ali. Guardei a lembrança ao lado de todas as fotos tiradas em momentos que você ia embora sem olhar para trás. Hoje está frio demasiado - adoro o inverno e seu frio cortante, mas, gostava mais quando você estava aqui comigo, em nossa cama, embolados em nossos cobertores, vinho, meu coração em brigadeiros que fiz para você, filmes e pipocas pelo quarto todo. (Pausa o filme, meu bem). Fazemos amor e tudo vai ao chão. (Junta a pipoca e dá play). Sorrisos, orgasmos e lágrimas. E meus pés não estão frios, porque nos esquentamos em amor, desejo e libido.