quinta-feira, 11 de março de 2010

Masturbação emocional é acreditar no valor do amor, da perfeição e da beleza. O amor eterno sem erros e pontos fracos, daqueles idealizados e cheios de contradição encontrados nas literaturas desse mundo pitoresco. Imaginar a curva de um seio todo perfeito. A perfeição bem feita e a beleza sem defeito. É acreditar na eternidade, no mito do felizes para sempre que você encontra em textos por aí. É idealizar e sonhar com coisas maiores e muito grandes mesmo. Sonhos megalomaníacos, receosos inclusive de existirem. É olhar pelo buraco da fechadura e enxergar a garota ideal tomando banho, imaginá-la sem defeitos e, portanto, criá-la como um ser que não existe: despi-la e vesti-la novamente e conhecer todos os detalhes do seu corpo e o gosto de sua pele - imaginar que tudo o que você sonha dela é verdade. Levar uma vida voltada para esse negócio de ser feliz infinito e todo bonitinho. Olhar nos olhos e achar que entende tudo que está escondido ali, imaginar que você entende plenamente alguém e que essa pessoa te entende. Sonhar com posições diversas e variadas na hora do amor; sonhar com beijos de ponta-cabeça; sonhar, sonhar, sonhar: com sexo, com amor, com as agruras da vida que não dizem nada para você porque está seguro e feliz com a pessoa ideal. Imaginar que essa pessoa te atende, e que vai te ligar sempre que você precisar, mesmo que você não peça ajuda, não fale nada. Acreditar em alma e coração que bate pela paixão e esconde pessoas lá dentro. Falar bobeiras intragáveis debaixo de árvores, com ventos folheados, com uma toalha de piquenique, com um sorriso de alegria incondicional. É acreditar na simplicidade, na verdade. Na sinceridade de cada dia. É esperar eterno pela mesma unica pessoa, que as vezes nem se conhece, ou não se conhece direito. É esperar e muito. Esperança. É mentir para alegrar ao outro, por vezes, e imaginar que será recíproco esse desejo de vamos ser felizes juntos. É tentar ser feliz com algum sentimento debaixo do braço. Fazer planos para sábados a tarde. Encontrar qualquer coisa nas ruas na plena bagunça da rotina e lembrar de alguém, e querer aquela pessoa a seu lado para ver aquilo também - porque você tem certeza que ali está algo que vai mexer com ela. É querer mexer com a pessoa, deixar você louca - de paixão, de amor, de prazer. É estar contente com o que você tem, e ter certeza absurda de que lá fora não tem mais nada que possa te interessar. É preparar uma noite especial, mesmo que ela não tenha nada de diferente. É fazer diferente. Olhar no espelho e querer ser sempre melhor, para a outra pessoa. É pensar em nós dois como um único ser, plausível e perfeito. Subir às montanhas mais altas para buscar uma flor. Tentar esconder a dor desse mundo em seu próprio peito para que não sobre nada para ela. Cumprimentar uma pessoa desconhecida na rua e dizer "vê aquela garota? Eu amo ela demais, merda". Criar jogos e brincadeiras de amor. Brindar aos clichês feitos de papel machè. É querer te ver feliz, querer estar junto, estar perto, grudado e muito bem embolado num corpo só. São as frases bobas e as piadas sem graça. As coisas que apenas nós dois entendemos e rimos. É acreditar que se tem algo de especial. E quando acaba, é procurar alento dizendo que assim é melhor, que você será mais feliz desse jeito. É a negação de tudo que foi dito até aqui, e sonhar de noite com tudo que poderia ter sido.

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