sábado, 24 de julho de 2010

Sardas e pintinhas em seu rosto. Marcas de travesseiro por ter dormido muito. Pre-gui-ça. Não preciso olhar para você, ficar encarando seu corpo, para saber quem você é. Quando fecho os olhos posso entender tudo que você tem para dizer, num sorriso durante o sono, numa respiração acelerada, acolorada. Posso sentir seu coração batendo, sem precisar abrir meus olhos. Posso sentir o meu coração batendo e nem sei qual dos dois estou ouvindo agora - uma batida, um ritmo confuso, de estar batendo-batendo, juntos. Bom dia. Posso sentir seu cheiro. Posso sentir seu cheiro em mim. Estou onde gostaria de estar. Sinto o vento bagunçando meu cabelo. Sinto areia debaixo de meus pés. Sinto sua mão segurando a minha. Seu beijo. Posso sentir sua boca sem tocá-la. (Mas prefiro, sinceramente, tocar você - pegar você de jeito e ser agarrado, amassado... amado). Sardas e pintinhas, as linhas de seu rosto. Linda. Dia nublado, preguiçoso, teve preguiça de começar e quando vemos já acabou. Minhas mãos deslizam por seu corpo procurando alguma imperfeição a qual me faça dizer: por isso não gosto de você. Não encontro nada, nada fora do lugar, nada que não me agrade. O dia continua. A vida continua. Minha vida? Sua vida? Vidas alheias. Pessoas que caminham na calçada, sozinhas. Pés descalços no gramado. Os carros nas ruas com suas almas humanas lá dentro, que pensam estar guiando alguma coisa para algum lugar. Os ruídos da madrugada. Eu durmo sem insonia, durmo sorrindo e acordo com você. Eu estou com você pelo momento breve dessa conversa. E então, a vida como ela é volta a ser. Bom dia.

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