domingo, 25 de abril de 2010

Sonhei com ela de novo. Engraçado como o tempo passa e algumas coisas não mudam, ela continua em meu sub-consciente perturbando minhas noites - Freud deve ter alguma explicação para isso, ou talvez Jung. Gostaria de lhe escrever uma coisa bonita, mandar flores e bombons, ou entregar meus sentimentos todos e alguma possibilidade de tudo em suas mãos pequenas. (Mãos tão sem jeito às vezes, procurando fazer-me algum carinho, mas que não sabia se colocava naqueles dedos amor suficiente - inseguras, com medo de me amar demasiado, talvez). Gostaria de acreditar, que vou reencontrá-la qualquer dia e o desconforto será apenas momentâneo e logo passa, e quando a abraço e pergunto como vai sinto seu coração batendo forte, sinto seu abraço forte; seguro sua mão e vamos embora, não precisamos dizer qualquer palavra.

Cada vez mais me torno o poeta que sonha, que cria seu mundo para ter algo para escrever, imaginando que as coisas são simples dessa forma. É tão inocente imaginar tudo isso, viver do passado. Marílias e Dulcinéias não existem. Quem de fato existe, somos nós, os poetas e loucos - a nossa imaginação em ação. A loucura faz os moinhos de vento se tornarem monstros, o amor se torna infinito. (é uma pena que nossas musas recatadas não sejam doidas de pedra como somos, mas os poetas que encontram suas loucuras nesse mundo não tem tempo para escrever - vivem loucamente e como vivem esse amor). Os loucos sempre fizeram melhor, eles não tem medo - fazem e vivem e enlouquecem. E como eu gostaria de enlouquecer com ela ao meu lado - não tenho esse privilégio, então vou desenhando estrelas no teto e passagens secretas pelo quarto, apago a maçaneta da porta e nunca mais saio, rabisco uma janela na parede e pulo por ela, pinto um buraco sem fim no chão e não paro nunca mais de cair. E o que resta a fazer é desenhá-la também na parede e confiar em minha esquizofrenia para ver se ela se mexe de alguma forma.

O que acontece agora é que ela não existe mais, objetiva - restou minha própria subjetividade de como imagino que ela é. Transformada em imaginação e sonhos, eu sonho com ela. Mas nunca saberei como é realmente, porque tudo o que tenho é uma imagem idealizada em que fui colocando todos os significados que me interessavam. Tudo tão frágil que parece que vai despedaçar-se a qualquer momento. E depois? Vou juntar os pedaços e tentar colocar de volta de onde caíram, sozinho.

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