sábado, 26 de setembro de 2009

Hoje vou levar você ao parque. Tomaremos sorvete debaixo de alguma árvore – até deixo que suje a ponta do meu nariz com o seu sorvete de chocolate, mas apenas porque, instantes depois, estará com boa parte do meu, sabor morango, em sua testa. Passearemos por entre as muitas pessoas que estarão por lá, absortos em um mundo que nós mesmos criamos, onde o parque e o resto são meros devaneios de algum louco. Carregarei você para o trem fantasma, com a esperança de que se assuste com algum monstro de mentira e me aperte a mão com força. Tirarei sarro se você tiver medo de algum brinquedo, mas não obrigarei que vá onde não quer. Tento ganhar um ursinho de pelúcia para você no jogo de derrubar todos os copos com uma bolinha, mas talvez seja você mesma quem vá conseguir tal feito e ficarei satisfeito com meu novo amigo sintético – mesmo tendo meu papel de garoto que quer impressionar roubado por sua melhor pontaria. Talvez o urso seja chamado Bob, ou Charlie, e que tal Teddy? Quando ele chegar, perguntarei seu nome. Da roda gigante gritarei alguma coisa, bem lá do alto, para todo o parque ouvir. Imitaremos o homem sombra, o que pensará o imitador de ser imitado? Vamos correr descalços pelo gramado e cairemos fatigados em alguma sombra para respirar, descansar... e depois chegar onde está armado o circo! Com seus palhaços amestrados, que cantam, dançam e sorriem ao mesmo tempo. Engolidores de fogo alcoólatras e de ressaca. Malabaristas, brincando com objetos pontiagudos no ar, e dançarinas de todas as partes do mundo. A pipoca tem gosto de pipoca de verdade, e você sorri um riso de verdade. Mais palhaços, mais macacos. Mais espetáculo. Agora vem o raivoso adestrador de leões, que perdeu o cargo depois que um de seus felinos se recusou a fazer o que mandava e bocejou para o público – em meio ao bocejo contaminado de toda a platéia ficou com duas opções: ou virava palhaço de uma vez, ou começava a atirar facas na mulher do acrobata. Atira facas desde então – a mulher do acrobata ora reclama que ele não tem pontaria alguma e quase a mata toda vez, ora reclama que seu marido exige demais dela na cama graças aquela desenvoltura toda com o próprio corpo, uma dupla infelicidade para a moça. Mais palhaçadas e senhoras e senhores isso é tudo por hoje. Cortina cerrada, nem uma viva alma no picadeiro e acabou minha pipoca. Pego sua mão e vamos embora por ruas cheias de lua até nossa casa guardada debaixo da cama em uma caixa de sapatos que só nós dois conhecemos. Entramos em casa e deitamos em lençóis azuis da cor do céu, você aninha sua cabeça em meu braço, puxo o cobertor repleto de estrelas e tiro um pouco de poeira de sonhos que caiu sobre o travesseiro. Digo: boa noite, minha querida. Você sorri ainda um riso de verdade. E adormece, no quarto recém criado.

Um comentário:

  1. E meu algodão doce hã???!!
    quero uma estrela de presente,
    a mais brilhante do céu...

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