sábado, 9 de outubro de 2010

Aqui é o limiar de nossas vidas, derradeiras vidas. Enquanto ouço suas músicas favoritas, como uma espécie de lembrança gravada em mídia digital, ou um ataque masoquista de saudade inconfundível. Eu lembro ainda de seu cheiro e de seu gosto entre meus dedos, todas as palavras repletas de significados ocultos dispersos em sons irreconhecíveis para outros ouvidos que não os nossos. Aqui estão nossas vidas, guardadas em algumas caixas. Heureux à en mourir. Morrer, morrer. Morrer não é um estado simplesmente biológico de definhar e deixar de existir. É também esquecimento, apagamento. Guardar uma lembrança última daqueles dias em minhas gavetas para quando não lembrarei mais nada. Pois, todos esquecem. É inevitável. Por mais amor que possa ter por alguém, a morte do sentimento é esquecer. Numa brusca distração nossas mãos não estão mais juntas enlaçadas, amarradas e bem grudadas. Num passo em falso peguei o caminho errado e agora não sei mais onde estou. Nem onde você está. Mas, que prazer essa vida! Quando encontrei você nas noites infatigáveis de tristeza, vinho e melancolia. Madrugadas, incansáveis, dançando como doidos e sorrindo como se felizes! Felizes! Ah, morrer! Morrer... Em vão é morrer. É a menor das preocupações quando se continua vivo, sem viver a plenitude do ser. Plenitude é sermos juntos nossa mentira bem contada. Pleno é o sonho que tive em que você apareceu e se foi. Lépida, me deixou em via de esquecimento, numa rua sem nome - onde não consigo me encontrar. Au revoir.

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