quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

"E deslizo para esta solidão demasiado humana de não poder voltar a ser sozinho, como era quando tu existias, nesta mesma cidade, e eu já nem sequer pensava em ti."

Inês Pedrosa

Porque já agora tudo que espero vem de você, afinal. Sabe aquela velha imagem que fiz de ti? Não errei em nenhuma pincelada. Ou, na verdade, talvez seja ao contrário - a responsabilidade de tanto acerto é sua apenas. Tenho culpa por ter encontrado você? Se era justamente quem eu procurava! Agora fico lembrando de como você acordava pela manhã - com a cara amassada e apregoada por uma marca de travesseiro. Bom dia com alegria, é uma delícia acordar do seu lado toda manhã, minha querida. Como me divertia com as brincadeiras criadas no afã do romance! As frases que criamos juntos e decorávamos para dizer a cada deixa. As cócegas e jogos bobos - olhar nos olhos e ficar sério!

"O que está olhando? Pára de olhar para mim, não gosto!" Faço cara de bobo, e digo coisas tolas nessa brincadeira gostosa de amar. Fico te observando, me perco em seus olhos. Consegui ver tantas coisas! Como na última vez que procurei algo ali: nem te conto o que encontrei! Mas então tudo se foi, e fiquei apenas com o gostinho do que diziam seus olhos. Maldito gosto agridoce difícil de esquecer. Também que não estou tentando, em absoluto. E nem te conto o que encontrei!

Faço cara de bobo e fico perdido te observando. "O que foi? Pára de me olhar". Sabe o que é? Lembra daqueles filmes romântico-clichês em que quando o garoto vê a menina que vai amar pelo resto da sua vida fílmica o tempo pára? Pois! Fico te observando e o tempo pára. Mas nunca ninguém explicou que o tempo não pára para todos, então, entro em stand by curtindo meu tempo parado e o que você vê é uma "cara stand by", porque estou perdido numa profusão de sentimentos dos quais você faz parte, mas que estão guardados bem seguros aqui dentro - me perco por ali, e meu corpo fica distraído. Deve ser uma careta digna de Calvin & Haroldo, no mínimo. Pronto, falei o segredo da cara de bobo! Careta stand by enquanto eu morro e renasço, crio e desapareço dentro de mim e perdido em seus olhos.

Diabos! Como é difícil escrever essas coisas. Saudade imensa de tudo que foi e de todas as possibilidades futuras.

Tentar esquecer dói, porque é lembrar que se tem que esquecer. Dói porque tentar esquecer faz lembrar, e também lembra o porque de se querer esquecer. Mas quem colocou essa palavra aí no meio? Foi você? Porque eu não fui: jamais esquecer. E quanto a parar de pensar em você então! Besteira absurda! Antes teria que mudar minha vida, meu quarto, meus móveis - eu mesmo e comigo tudo que acredito e também aquilo que amo. Seu cheiro está por aqui, seu gosto, seu calor, a marca de seu corpo na cama onde deitou comigo. Intragável tentar ignorar isso. Não quero. Ainda guardo um pouco do perfume que você gosta, para usar para você.

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