terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Vivo pelo meu vício. Viciado que sou por estas coisas, que em face de alguma delas me salta o coração para todos os lados, acelerado - feito louco em si, loucura cardíaca. Não sei se ele se empolga por causa ou efeito disso tudo, talvez os dois - pode ser. Sei que a lembrança ou o momento nele mesmo me empolgam o sangue que dança e pululante pelo corpo efêmero. A corrente sanguinea antes se desacorrenta, parece correr por todos os lugares sem lei nem rei - corre em profusão de loucura vermelho-sangue. Essas coisas que me animam a própria vida.
Vivo olhando para meu vício, esperando o próximo momento em que me arrebata num só ataque e rápido como chega logo se vai. Minha espera se faz sentida, já que me aninha na saudade do estupor. Lânguido, simples viciado, que almeja seu momento de gozo, por minha droga.
Vivo em meu vício, viciado que sou. E quando chega a hora, a própria saudade tem seu quinhão de responsabilidade na criação de momento tão ideal. Que não maledigam a saudade perto de mim, lhe tenho apego - por vezes a tenho como alento, afinal. O vício, além disso, existe no momento do ato mas em virtude da falta que cria. Quando chega quereria eu que jamais acabasse, mas sua ausência se faz a essência de um gosto agridoce ele mesmo viciante ao paladar. Baita confusão essa profusão de vai-e-volta.
O vício precisa de doses homeopáticas de saudade, equilíbrio fácil de ser quebrado. Maldito o vício em si, pois também o desequilíbrio me interessa quando se trata dele! Os sentimentos extremados, descontrolados - doidos de pedra - também os quero! Sentimento de loucura.
Vivo em meu vício. Vivo. Perduro. Viciado, mas vivo. Além do vício, o quê?
Cada um com seus próprios vícios. Proporções e tipos muito pessoais. D'alguns talvez menos ortodoxos, de outros nem um pingo de ortodoxia. Todos igualmente viciantes. Quem não tem vícios que atire a primeira pedra. Ninguém vai para o céu, afinal.
Por meu vício eu vivo e para ele também. Ao menos vivo.
Momentos etéreos, dignos de saudade.

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